Ser introvertido não é anormal, e também não é sinônimo de timidez

Quem é introvertido muitas vezes é confundido com quem é tímido – na verdade, na maioria das vezes, os dois termos aparecem como sinônimos. Mas isso não é verdade: pessoas introvertidas podem muito bem gostar e se sentirem confortáveis em falar com os outros – seu limite só é diferente dos extrovertidos.

A ambivalência entre esses dois conceitos (introvertido e extrovertido) foi elaborada pelo psiquiatra suíço e desenvolvedor da Psicologia Analítica Carl Jung, nos idos de 1900 (mais precisamente, a primeira obra dele a tratar desse tema foi publicada em 1916).

Segundo a teoria original, os introvertidos são mais voltados para si, são mais “autoreflexivos”. Isso resulta numa personalidade mais analítica e reservada, com a pessoa sentindo-se mais à vontade quando está só.

Segundo a coach Paula Dias, quando os introvertidos estão em contato com o público, eles “perdem energia”. Ou seja, pessoas assim tendem a se sentirem mais desgastadas após longos períodos no meio de e interagindo com multidões, por exemplo.

• Ser introvertido não é a mesma coisa que ser tímido:

A coach ressalta, entretanto, que “não necessariamente uma pessoa introvertida é uma pessoa tímida. A gente não pode relacionar essas duas coisas”. Isso porque a timidez tem raízes diferentes que a introversão.

Segundo Paula, a timidez, quando não é um traço inato, vem de traumas passados, de experiências que tiveram um impacto negativo sobre a pessoa. Já a introversão – que é uma característica que, para ela, não pode ser revertida como a timidez – ocorre simplesmente porque a pessoa se sente mais à vontade sozinha.

Além disso, de acordo com um artigo do Instituto Brasileiro de Coaching, a introversão (bem como a extroversão) pode ser separada em diversas subcategorias.

Portanto, introvertidos podem ser perceptivos (que dão valor a experiências sensoriais), reflexivos, os quais costumam ser muito inteligentes, mas não têm facilidade de socializar, intuitivos (entendem bem o que os outros querem) ou sentimentais, quando não se esforçam para se comunicar bem e estabelecer relações com os outros.

Essa divisão ajuda a dar uma noção melhor do campo que a introversão abrange, mesmo que estas definições não sejam uma ciência exata. É possível, como lembra o artigo, que algumas pessoas não se encaixem dentro de alguma delas com perfeição.

Paula reafirma esse ponto de vista, e comenta que tem clientes que chegam a se encaixar em mais de duas dessas definições. “Alguns têm mais, outros menos de cada uma, mas é muito difícil a gente delimitar exatamente uma característica única em uma pessoa”, completa.

Mas no processo de adaptação à introversão, ficar de olho nestes parâmetros pode ajudar a ter mais sucesso no próximo passo.

• Autoconhecimento e autoaceitação:

Para Paula, não há uma forma de ir da introversão para a extroversão – e vice-versa. Isso porque, diferente da timidez ou da sociabilidade, essas características são inerentes à personalidade de cada um.

“Eu acredito que as pessoas são como são. Elas têm que se aceitarem e se colocarem em situações que sejam mais adequadas para elas mesmas.” Para ela, essa é a chave de encontrar a felicidade, não só para os introvertidos, mas para todos: a autoaceitação, seguida de esforços para se inserir nos meios mais apropriados para si.

Mas existe algo que deve vir antes dessa autoaceitação: o autoconhecimento. Como lembra o Instituto Brasileiro de Coaching, esse processo te ajuda a melhorar tanto pessoal quanto profissionalmente. Ele ajuda a ver com mais clareza suas metas, atitudes (boas e ruins) e, o mais importante, auxilia no reconhecimento e modificação de suas emoções negativas.

Já o autoconhecimento profissional teria um enfoque mais objetivo, que é acreditar na possibilidade de se alcançar alguma etapa de sua carreira. Ambos, no entanto, precisam de metas e objetivos finais definidos para guiar o indivíduo nessa busca tão importante.

E, como lembra Paula sobre o autoconhecimento, “o ideal é que a pessoa consiga avaliar em que situações ela ganha e em quais ela perde energia, para ver se ela é introvertida ou extrovertida”.

• O que fazer com a zona de conforto?

Antes, é preciso entender o que é a zona de conforto . Também de acordo com o Instituto Brasileiro de Coaching, a pessoa está nela quando nenhuma de suas ações e pensamentos despertam emoções negativas (medo, ansiedade etc.).

Independentemente de como se chega lá, quanto mais tempo se passa na zona de conforto, mais a pessoa se fecha numa espécie de bolha, sem perceber.

Alguns coaches e até mesmo blogueiros de estilo de vida, reforçam a necessidade de sair da zona de conforto para conseguir aprimorar suas qualidades e corrigir seus defeitos.

Essa é uma forma de adquirir novas experiências, e até mesmo superar a timidez, o nervosismo ou o medo. Mas, para Paula, a técnica não é o ideal para lidar com a introversão – cuja zona de conforto seria ficar a sós.

“Toda vez que a gente se coloca em situações que fogem do nosso natural, a gente sofre”, comenta, e acrescenta, “eu acredito que o ideal seja a pessoa se aceitar, se conhecer”. Mas há uma ressalva que a própria coach faz: caso a pessoa não faça nada além de ficar sozinha, já não se trata mais de introversão. “Isso daí é depressão, já beira uma doença”, completa.

Mas, para ela, se a pessoa está bem, está feliz nos momentos em que se encontra apenas consigo mesma, não há problema nenhum: é o normal dos introvertidos.

Paula reitera que sair da sua zona de conforto só deve acontecer quando ela de fato estiver te atrapalhando. Nessa situação, ela avalia que podem haver dois fatores em jogo.

O primeiro é o desejo de mudar, quando a pessoa está incomodada com alguma característica dela, e sair da zona de conforto se torna necessário. Já o segundo é quando ficar na zona de conforto atrapalha seu desenvolvimento pessoal ou profissional, mesmo que você não ache preciso sair dela.

• O equilíbrio da introversão:

Existe um ponto de equilíbrio que pode ser alcançado para viver em paz com a introversão – e ele só pode ser conquistado se você lembrar de tudo o que já foi abordado no texto.

Se se isolar é uma escolha e a pessoa está feliz, tudo bem. Aí é que entra a parte do autoconhecimento e da autoaceitação, na hora de saber se suas atitudes introvertidas são saudáveis ou não. É isso que vai te ajudar a determinar se uma mudança é necessária.

Mas em nenhum caso, forçar a barra deve ser a solução. Não adianta tentar sair da zona de conforto só por sair. Se sua mente não está realmente focada nisso, se você não tem força de vontade para mudar, as chances de obter sucesso são muito menores.

Como crava Paula, “se você está se forçando, é porque ali não é seu lugar”. Então, se você é introvertido , e está feliz assim, não tem nada de anormal. Vale lembrar que esse é um traço natural, e não há como mudá-lo. Mas se algo te incomoda, experimentar novas coisas e saber como aproveitar ao máximo suas qualidades também não faz mal.

Um abraço para todos.

Paula Dias | Coach de Carreira e Vida.

Fonte: Deles – iG. “Veja as principais dicas para lidar com seu lado introvertido“. Por Andre de Godoy – 16/12/2018.

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