A administração do tempo é uma questão de escolhas certas

Pouco tempo antes de completar 49 anos, a diretora e Coach do Fala Idiomas – A Foreign Affairs Company –, Vera Lorenzo, se deu conta que o tempo estava passando e que a vida não era infinita. Somado a isso, reconheceu que era uma workaholic – viciada em trabalho. Trabalhava até 18 horas por dia no escritório e em casa, inclusive aos fins de semana. “Estava sempre ligada nos dois celulares e sem tempo para me dedicar à minha saúde, ao meu tempo livre. O restante me dedicava totalmente à educação e à diversão com meus filhos, que criei sozinha desde os três anos”, lembra a executiva.

Em vez de entrar em desespero, resolveu dar o primeiro passo para uma nova vida: começou a se preparar para os 50 anos e, então, listou “50 coisas que gostaria de fazer antes dos 50”. As metas eram claras, muitas atividades pessoais e profissionais. Hoje, Vera faz esportes pela manhã ou durante à noite. Gosta de corrida, stand up paddle – uma espécie de surfe com remo –, tênis, musculação e dança.

A nova – e revigorante – rotina proporciona um expediente com mais empolgação e muito mais energia. “Meus clientes e parceiros profissionais começaram a notar a diferença e valorizar a minha nova fase que tem inspirado muita gente a redimensionar o trabalho e a vida.


Programei férias, várias, inclusive, para em um ano alcançar minhas 50 metas, e descobri que o equilíbrio da vida pessoal e profissional é possível e muito saudável”, conta Vera.

O problema é que nem todos são como ela. Na China, por exemplo, um levantamento feito pelo “China Youth Daily” aponta que cerca de 600 mil pessoas morrem todos os anos de exaustão relacionada ao trabalho. Aqui no Brasil não há dados sobre a questão, mas o que se sabe é que também há muita gente que adoraria ter um dia de 48 horas para conseguir dar conta do recado. Você é um desses?

Os impactos:

Para o sócio-diretor do Grupo CDPV, Edson Bregolato, a correria do dia a dia, somada ao grande tempo gasto no deslocamento em grandes cidades, acaba fazendo com que os dias pareçam cada vez mais curtos. “Para uma melhor administração do tempo; planejamento e disciplina são fundamentais. Coisas simples devem ser feitas como utilização de agenda, lista de tarefas, muita disciplina com temas paralelos que surgem como ‘urgentes’ e especialmente com a quantidade de informações que nos invadem diariamente por meio de nossos gadgets móveis”, lista Bregolato.

A falta de cuidado com o relógio – não o que marca as horas, mas o da vida – resulta em sobrecarga, desgaste, baixa qualidade na entregados resultados e até custos desnecessários.

A head master coach trainer da Effecta Coaching, Janaina Manfredini, diz que um dos grandes erros cometidos por quem não sabe lidar bem com o tempo é acreditar que é o super-homem e dará conta de tudo no final. “Muitas pessoas acabam doentes depois de algum tempo como super homens e reclamam que as pessoas esperam demais deles. Mas esquecem de que estimularam essas expectativas”, comenta Janaína. Outros sinais são a falta de confiança da equipe de trabalho, a dificuldade em delegar funções e planejar atividades.

Tudo ao mesmo tempo:

Imagine a cena: notebook ligado para fazer relatórios; o navegador da internet acessa os e-mails; o celular e o telefone da mesa não param de tocar; funcionários que entram na sala a todo momento em busca de informações. Ufa! São tantas tarefas ao mesmo tempo, que fica difícil concluir todas elas. Janaína Manfredini, lembra que inúmeras pesquisas já evidenciaram que quando se faz muitas coisas ao mesmo tempo, perde-se a assertividade e a produtividade, o que acabam com uma entrega prejudicada. “Autores conhecidos como Christian Barbosa defendem o foco em uma coisa de cada vez para obtermos um melhor resultado nas atividades e no ganho de tempo”, diz.

Em épocas não muito distantes, diversas empresas e gestores valorizavam os profissionais que trabalhavam em jornadas gigantes e em enormes quantidades de horas. Nos tempos atuais, o trabalho pesado ainda é valorizado, porém a produtividade é o ponto de destaque. “Um bom profissional trabalha bastante, mas sua organização faz com que além dos resultados, ele busque equilíbrio e qualidade de vida”, reforça Edson Bregolato, do Grupo CDPV.

Os impactos para a Carreira:

Não pense você que o tempo desregrado prejudica só o trabalho no dia de hoje. “Ledo engano”. Todo um crescimento na carreira pode ser comprometido, principalmente, por falta de foco nas tarefas e de prioridades. “A falta de foco pode levar a pessoa a ‘atirar para todos os lados’, dispender tempo com atividades desnecessárias ou não tão importantes que geram baixa eficiência. A questão da falta de prioridade, que também é consequência do primeiro, faz com que o profissional não se atente ao que realmente é importante para trazer resultados efetivos”, explica a especialista de carreira e coach da Trust Gestão de Carreiras, Paula Dias.

É fácil encontrar quem esteja satisfeito com o nível profissional, mas infeliz com o longo período dedicado ao trabalho. Aí fica a pergunta: é possível aliar os dois para conseguir uma vida mais harmônica? Paula Dias garante que sim, ainda mais quando se tem ajuda. “Utilizando algumas técnicas de planejamento e priorização, dentro das sessões de coaching, a pessoa consegue obter o tempo necessário para gerar resultados efetivos no trabalho e ter uma vida saudável e feliz”, orienta.

No caminho certo:

Rosangela Souza sabe o que fazer e como fazer para que o tempo seja bem utilizado. Ela é fundadora e sócia-diretora das empresas Companhia de Idiomas e ProfCerto, além disso é professora de turmas de pós-graduação, mãe, esposa e aluna. Apesar de uma agenda lotada de compromissos, os 23 anos de vida corporativa a ajudaram a entender que o tempo é uma questão de escolhas certas. “Acredito que tudo o que eu considerar imprescindível para aquele ano tem de estar na minha agenda da semana, se não vai sair do plano. Então, me proponho a acordar às cinco horas da manhã para fazer um trabalho do pós-MBA para depois curtir o dia ou trabalhar. Não preciso ficar em frente à TV ou na internet até de madrugada, por isso tenho energia para acordar mais cedo”, conta a executiva.

Rosangela costuma dizer que é fundamental “minimizar as bobagens”. O Brasil está na 15ª posição em um ranking de 17 países da América Latina, com relação à produtividade. No mundo, está em 75º lugar. Isso revela que muito tempo é perdido com o que não importa. “Se não gostamos do que fazemos no trabalho, precisamos de mais minutos para dar aquela escapadinha para tomar café, fumar, bater um papo, acessar as redes sociais. Se gostamos do que fazemos, nos envolvemos mais e escapamos menos vezes. Esse descanso mental é importante, só não pode exagerar”, comenta.

As mesmas regras de organização e otimização do tempo que Rosangela segue, são passadas para suas equipes. Ela acredita que hoje em dia não há mais espaço para se fazer de vítima e dizer que “gostaria muito, mas não tem tempo”. Uma política da Companhia de Idiomas que, segundo Rosangela, ajuda bastante os funcionários no bom aproveitamento do tempo é o horário flexível, com banco de horas. “Se um colaborador percebe que ao sair 30 minutos mais tarde de casa economiza 20 minutos no trânsito, ele pode mudar seu horário. Ou pode chegar mais cedo e sair mais cedo, evitando o horário de chuvas de verão”, exemplifica. É motivação. É estímulo. É a escolha pra uma vida melhor!”

Fonte: Companhia de Idiomas – Revista Gestão e Negócios. “Bomba-relógio”. Por Marcelo Casagrande. http://bit.ly/1UiVZCg

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